Nartum furou o dedo com um espinho. Horas depois nasceu uma carne branca no buraco do dedo inchado de Nartum. Algumas horas mais e a carne branca começou a se mexer, botando parte da cabeça para fora do buraco do dedo de Nartum: cada vez que o verme tentava puxar ar para dentro, Nartum o empurrava novamente para o interior do dedo com o polegar da mão direta, na esperança de matá-lo asfixiado.
Mas o bicho continuava a crescer e a se abastecer de oxigênio durante a noite, enquanto Nartum dormia.
Agora Nartum já tinha que empurrar o verme para dentro do dedo usando a palma da mão direita, tamanho que o bicho ficou. Sete dias se passaram nesse empurra empurra cansativo e inútil até que Nartum teve uma ideia.
No oitavo dia, bem cedinho, Nartum decidiu se livrar do seu asqueroso hospedeiro albino de uma vez por todas: decidiu decepar o dedo - junto com a ponta do indicador a cabeça do miserável verme também seria decepada.
A machadinha bateu seca na tábua de cortar carne e o toco do dedo de Nartum primeiro deu na parede de azulejos em cima da pia e depois foi parar debaixo do fogão da cozinha.
Apressado, Nartum enrolou a canhota encharcada de sangue num pano de pratos e catou o toco disforme do dedo, mas não havia nada dentro dele: nem a cabeça do verme nem nada, só um buraco imenso, oco e sem sentido.
Três dias após dar os pontos na mão, Nartum morreu de infecção generalizada.
Segundo os médicos, a septicemia começou no pulmão esquerdo de Nartum, onde foi encontrada uma massa branca e dura do tamanho de uma laranja, que a medicina não soube dizer do que se tratava.